Muitas pessoas não cristãs questionam como acreditamos que
Deus tenha vindo ao mundo na figura de um homem. De fato, não é fácil, sendo de
outra cultura, outra religião, compreender o que a fé nos revela. Convivendo
com pessoas de outras crenças, também é difícil para mim entender alguns
elementos de sua fé. Hoje é domingo de Pascoa, e me inspirou refletir sobre a
ressureição de Cristo e um tema que divide opiniões. Sua divindade
Mas se me perguntassem, céticos, se o valor da minha fé está
na divindade de Jesus, eu diria que não. A minha fé não depende de Jesus ser
Deus, ou não.
A beleza da minha fé em Jesus vem exatamente da sua
humanidade. Avaliando o que ele, como homem, fez, na ótica de nossas limitações
como homens e mulheres, percebemos a importância de sua vida e morte.
Jesus viveu uma vida de doação, de exemplo, de sacrifício
por nós, que fomos tocados com a sua história. Sofreu na cruz na intenção de
vencer a morte, e abrir as portas para a vida, religando o homem a Deus,
fazendo-se caminho para Ele. Só há sentido falarmos em martírio, em paixão e
sacrifício, se considerarmos sua humanidade. Quem sente dor é o homem, quem se
angustia é o homem, quem morre é o homem, quem se entrega a tudo isto sabendo o
que vai passar, não é o Jesus divino, mas humano. A pascoa de Jesus tem sentido
em sua limitação como homem, de carne e osso.
Assim como faziam na pascoa os Judeus, em expiação de seus
pecados, matando um animal e oferecendo a Deus, ele se entrega como cordeiro,
em oferta perfeita a Deus, em expiação dos pecados de todos nós. É o Jesus
homem, que vence as tentações deste mundo e por seus méritos se torna o
cordeiro imaculado, a oferenda ideal.
Jesus também me conquista por sua palavra, que nos apresenta
uma nova face de Deus, a face do amor. Um Deus misericordioso, que deseja nos
salvar, diferente do Deus temido da época. A coerência das palavras de Jesus, e
do seu exemplo, sendo homem e inerente a nossas fraquezas, também impressiona e
motiva. E ele não precisa ser Deus para isto.
Na sua história, Jesus transcende a humanidade e apresenta
seu dom divino. Ele cura, demonstra autoridade com a natureza, com os
espíritos, com a morte, ressuscitando Lazaro e deixando todos boquiabertos. Mas
nem mesmo todos estes sinais foram capazes de faze-los, todos eles, incluindo
os apóstolos, entenderem sua divindade. Por fim, a sua morte foi presenciada
por muitos, inclusive celebrada. Mas seria naquela cruz que a última de todas
as manifestações de Deus se realizaria. A vitória definitiva do que parecia
invencível. A morte.
Quando Jesus, divino ou não, ressuscita, em uma incrível
manifestação divina, tudo muda. Deus é capaz de tudo, e nos mostra que Jesus de
fato é Seu filho, e sela toda a história. Jesus é o Nosso Salvador, caminho,
verdade e vida. Em sua humanidade nos mostrou ser capaz segui-lo, e nos deixou
as maravilhas de sua mensagem, exemplo e serviço. Em sua ressureição a
esperança de sermos acolhidos na casa de Deus.
Esta fé é indiscutível. Ela nos alimenta, e nos torna
felizes, e isto é o que importa. Cabe a nós aprendermos com este mestre, e nos
associando a sua vida, alcançarmos a vida que esperamos.