sábado, 30 de maio de 2015

NÃO FOI EM VÃO - UMA MENSAGEM

NÃO FOI EM VÃO - DEUS CURA
(Fiz esta mensagem para uma pessoa em especial. Mas compartilho por acreditar que ela é para todos aqueles que perdem alguém querido, após uma batalha contra as doenças)
 
È muito duro quando pedimos a Deus pelo reestabelecimento de alguém que sofre, e por fim, este se vai. Por instantes nos sentimos impotentes, questionamos o poder da oração e ação de Deus no mundo. Interceder com fé nos dá a esperança de que a cura é possível, e quando ela não vem, somos abatidos. Porém, hoje cedo me veio um pensamento, e decidi escrever, antes de saber que perderia mais uma batalha, o que me dizia o Espirito. Existe muita gente que sofre, e o sofrimento é parte desta vida. A nossa vitória não depende desta batalha.
Jesus surpreendeu o mundo com a boa nova do Reino de Deus. Mas o que era essa boa nova? Nós homens buscamos a nossa felicidade neste mundo, onde há injustiça, dor e lágrimas. Somos propensos a tudo isto. Mas Jesus abriu as portas da casa do Pai, e nos afirmou: “Felizes os que choram, porque serão consolados”, “felizes os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados”. Deus não precisa agir em nossa suplica para nos curar. Ele oferece a cura para todos nós, em Seu reino. Essa era a boa nova!
Os seguidores de Cristo estão isentos de doenças, isentos da violência, dos imprevistos? Não. Vivemos neste mundo e sujeitos ao que ele oferece, de bom e de mal. Jesus nos diz, “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em plenitude”. Esse é o desejo de Deus. Mas dificilmente encontramos a vida plena neste mundo.
Cultuamos a vida pela vida, mas sem entender que o segredo contido na palavra de Cristo é de que a nossa felicidade em plenitude é alcançada com a morte. Foi Ele que fez assim. A morte se tornou um portal, uma ponte que atravessamos para nos curar, e encontrar o reino do Pai, onde somos justificados, sem mais dor, sem mais injustiça, sem mais lágrimas. Difícil entender, mas é maravilhoso. Assim, meu pedido é atendido.  
Então para que serve a fé, as nossas orações, se elas parecem não ter efeito diante do poder do mundo? A fé nos cura. Precisamos nós da cura de nossas perdas. Precisamos preencher o vazio que as grandes perdas nos deixam, e que só é preenchido pelo Espirito, invocado pela fé. Um dia chegará a nossa vez, e aí descobriremos também a verdade, que a boa nova de Jesus afirma. Neste dia, compreenderemos o que hoje julgamos incompreensível, e nos alegraremos, certamente. Minhas orações não foram em vão. Suas orações também não. Confiemos enfim, Naquele que tudo sabe, e que nos ama, cuja misericórdia salva, e seu mistério vai além de nosso entendimento
Hoje vemos uma imagem embaçada. Ela já a vê perfeita.
 

segunda-feira, 6 de abril de 2015

JESUS E SUA MARAVILHOSA HUMANIDADE



Muitas pessoas não cristãs questionam como acreditamos que Deus tenha vindo ao mundo na figura de um homem. De fato, não é fácil, sendo de outra cultura, outra religião, compreender o que a fé nos revela. Convivendo com pessoas de outras crenças, também é difícil para mim entender alguns elementos de sua fé. Hoje é domingo de Pascoa, e me inspirou refletir sobre a ressureição de Cristo e um tema que divide opiniões. Sua divindade

Mas se me perguntassem, céticos, se o valor da minha fé está na divindade de Jesus, eu diria que não. A minha fé não depende de Jesus ser Deus, ou não.

A beleza da minha fé em Jesus vem exatamente da sua humanidade. Avaliando o que ele, como homem, fez, na ótica de nossas limitações como homens e mulheres, percebemos a importância de sua vida e morte.

Jesus viveu uma vida de doação, de exemplo, de sacrifício por nós, que fomos tocados com a sua história. Sofreu na cruz na intenção de vencer a morte, e abrir as portas para a vida, religando o homem a Deus, fazendo-se caminho para Ele. Só há sentido falarmos em martírio, em paixão e sacrifício, se considerarmos sua humanidade. Quem sente dor é o homem, quem se angustia é o homem, quem morre é o homem, quem se entrega a tudo isto sabendo o que vai passar, não é o Jesus divino, mas humano. A pascoa de Jesus tem sentido em sua limitação como homem, de carne e osso.

Assim como faziam na pascoa os Judeus, em expiação de seus pecados, matando um animal e oferecendo a Deus, ele se entrega como cordeiro, em oferta perfeita a Deus, em expiação dos pecados de todos nós. É o Jesus homem, que vence as tentações deste mundo e por seus méritos se torna o cordeiro imaculado, a oferenda ideal.

Jesus também me conquista por sua palavra, que nos apresenta uma nova face de Deus, a face do amor. Um Deus misericordioso, que deseja nos salvar, diferente do Deus temido da época. A coerência das palavras de Jesus, e do seu exemplo, sendo homem e inerente a nossas fraquezas, também impressiona e motiva. E ele não precisa ser Deus para isto.

Na sua história, Jesus transcende a humanidade e apresenta seu dom divino. Ele cura, demonstra autoridade com a natureza, com os espíritos, com a morte, ressuscitando Lazaro e deixando todos boquiabertos. Mas nem mesmo todos estes sinais foram capazes de faze-los, todos eles, incluindo os apóstolos, entenderem sua divindade. Por fim, a sua morte foi presenciada por muitos, inclusive celebrada. Mas seria naquela cruz que a última de todas as manifestações de Deus se realizaria. A vitória definitiva do que parecia invencível. A morte.

Quando Jesus, divino ou não, ressuscita, em uma incrível manifestação divina, tudo muda. Deus é capaz de tudo, e nos mostra que Jesus de fato é Seu filho, e sela toda a história. Jesus é o Nosso Salvador, caminho, verdade e vida. Em sua humanidade nos mostrou ser capaz segui-lo, e nos deixou as maravilhas de sua mensagem, exemplo e serviço. Em sua ressureição a esperança de sermos acolhidos na casa de Deus.

Esta fé é indiscutível. Ela nos alimenta, e nos torna felizes, e isto é o que importa. Cabe a nós aprendermos com este mestre, e nos associando a sua vida, alcançarmos a vida que esperamos.

 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A ilha

A ilha

Preocupados com a escalada da violência, e incapaz de combater a perda de valores
morais e de convivência que vinham tornando a sociedade algo inviável, teve-se a ideia de
criar uma ilha, isolada do mundo, onde tudo pudesse funcionar outra vez.
Nela seria construída a cidade dos sonhos, sem muros, sem armas, onde as leis são claras e
não precisam ser questionadas, e as pessoas pudessem viver livres de qualquer medo. Para lá
seriam transferidos os homens de bem, aqueles capazes de manter a ilha um local onde todos
pudessem confiar em todos, de modo que, para sempre, fosse um lugar ideal.

Todos queriam mudar-se para a ilha. Muitos queriam saber os critérios que definiam alguém ser “de bem”, ou não, para serem chamados. Todos se achavam, de um jeito ou de outro, merecedores. Mas havia um detalhe que criou a maior polemica. Quem fosse para a ilha, não poderia voltar, e quem não se adaptasse a ela, seria convidado a se retirar, e seu destino seria incerto.

Depois de muita discussão, definiu-se que todos seriam chamados a morar lá, desde que nada
fizessem para que a ilha deixasse de ser a ilha, ou seja, um lugar onde ninguém é servido, mas todos se servem, e todos se ajudam, e todos vivem em harmonia. Mas, se transgredisse o equilíbrio do lugar, automaticamente seria excluído.

Mais e mais protestos fizeram divulgar na sociedade que as regras seriam mais
brandas, e alguns desvios seriam tolerados. O fato é que muitos partiam para a ilha, e nunca mais eram vistos.

Até que, um comunicado oficial chegou, dizendo ser fundamental as pessoas se prepararem antes de serem encaminhadas a ilha, pois acontecimentos desagradáveis vinham obrigando medidas mais enérgicas, para resguardar a paz que definia o lugar, e apesar de que todos eram chamados, poucos acabavam escolhidos a ficar. A administração dizia que na ilha não poderia haver lugar para
o mal, para a ganancia, a inveja, a vaidade, que dão origem as desavenças. A ilha fora criada
para ser um lugar especial, para pessoas capazes de mantê-la especial.

A noticia gerou imediata consternação, especialmente porque ninguém sabia quem lá estava,
e nem onde estavam os que lá não ficaram. O sistema foi questionado duramente, e uns diziam
que tudo aquilo era uma manipulação de poucos, interessados em resguardar a ilha só para eles. Então, foi divulgado que todos seriam aceitos, e todos ficaram aliviados

Mas, um dia, alguém começou a gritar e divulgar que havia uma enorme fila do lado de fora da ilha, que crescia, enquanto somente poucos permaneceriam lá dentro. A administração justificou que, como todos achavam que iam de qualquer maneira para a ilha, cada vez menos pessoas se preparavam para ela, e para resguardá-la, medidas foram necessárias.

A partir daí, a ilha virou uma questão de direito, e um levante geral, a beira de uma revolução, forçou a mudança nas regras da ilha. A partir de então, seria necessário abrir um processo, juntar provas, contratar advogados, esperar recursos, até se provar que alguém não seria capaz de viver ali.

Os movimentos sociais estavam satisfeitos, os direitos individuais resguardados.

E então, a ilha deixou de ser a ilha

REFLEXÃO:
O reino de Deus é um lugar desejado por todos, pois entendemos que lá a vida alcança sua
plenitude, e o sofrimento não tem lugar. Diz a bíblia que é onde a fera convive com o animal
doméstico, e as armas se tornam instrumentos de colheita, onde não há medo, nem
desconfiança, nem contenda, somente uma vida de paz.

Muitos discutem quem entrará no reino de Deus, e a  ideia atual é que todos serão salvos, pois Deus é misericordioso. Mesmo Jesus afirmando que a porta é estreita, e recomendando, “vigiai e orai”, compreendemos que ninguém pode nos tirar o direito ao reino. Porém só quem pode nos condenar, é Deus, que não condena, mas pratica a justiça, ou seja, quem nos condena somos nós mesmos que não
estamos prontos para a casa de Deus.

Como pode Deus permitir que alguém vá fazer parte de sua comunidade sem estar pronto
para PERMANECER nela?. A palavra diz: “Muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”.
A idéia de paraíso não tem uma definição clara. Mas nem precisa ser mais que o mundo que
conhecemos, sem as suas mazelas, onde todos podem viver como na ilha, da história.

Permanece lá quem contribui para que o reino de Deus continue a ser um paraíso. Caso
contrário, assim como a ilha foi consumida pela corrupção e perdeu seu sentido, o reino de
Deus perderia também.

E nós, se fossemos chamados hoje, estaríamos prontos??

sábado, 1 de novembro de 2014

AS COISAS SIMPLES



AS COISAS SIMPLES E A HUMILDADE

Certas experiências nos chamam a atenção, mesmo sem nada especial. Quando conseguimos desfrutar de um momento leve e prazeroso e isso nos faz sentir a beleza desta vida, notamos que na maioria das vezes vem de algo simples. E, é muito interessante observar que tais experiências estão disponíveis a quase todas as pessoas! Não é a toa que encontramos pessoas em todas as classes, sofrendo, ou irradiando felicidade. A simplicidade é mesmo linda, e valorizá-la é uma descoberta.

Para enxergar este lado da vida, é necessário humildade, um ingrediente básico, que deveria ser almejado por todos, pois é o caminho para sentir a presença de Deus

A humildade independe de condição financeira ou social, ou do ambiente em que se vive, mas do nosso interior, do modo que compreendemos este ambiente, do que valorizamos e até que ponto valorizamos. Quem não gosta de coisas boas? Quem não se admira com tantas maravilhas o próprio homem construiu? Isso não diminui o homem, nem sua humildade. Mas perder-se diante disto, sim.

Todos nós temos orgulho e vaidade, em escalas diferentes, mas temos. A humildade nos faz capazes de controlar estes impulsos. O orgulho e a vaidade são propulsores e ao mesmo tempo sabotadores de nossas vidas. Controlá-los nos faz cristãos, a humildade nos faz cristãos, e nos permite enxergar não somente a nós mesmos, mas o outro.

Quando ascendemos socialmente, temos a oportunidade do acesso a experiências cada vez mais exclusivas, e somos seduzidos a nos tornar exclusivos, e isto nos envolve em uma armadilha de se isolar, entender-se diferente dos demais, buscando outros semelhantes, que cada vez são em menor número, na medida que evoluímos. Isto nos cega. Evitar esse caminho, é a atitude de um homem ou mulher prudentes.

Ser humildes não nos faz melhor que ninguém, mas nos faz melhor com nós mesmos!

Está nas coisas simples, nos relacionamentos verdadeiros, no arriscar-se amar e ser amado, nos pequenos prazeres, o alimento de nossa felicidade. Está na fé, no relacionamento com Deus, arriscando-se a entregar-se ao seu amor, a plenitude que dá sentido a todo o resto, e ambas as coisas estão a disposição de todos nós, basta querer, perseverar, desfrutar, e sorrir.

 

sábado, 12 de julho de 2014

PELOS FRUTOS SE CONHECE A VERDADE



Viajo bastante, e de fato, adoro. Seja a trabalho ou a lazer, estar viajando me permite aprender, o que nos faz crescer. Tive a oportunidade de conhecer a Ásia, e algo que sempre me chama muita atenção no contato com diferentes culturas, sejam elas asiáticas, árabes, europeias ou americanas, é o poder da fé. Tirei uma foto dentro de um taxi na Tailândia, onde o chofer pregava orações e desenhos relacionados a sua fé no teto do carro. Em Dubai, presenciei a força do Ramadã, o mês sagrado, onde eles se alimentam ao amanhecer, e voltam a se alimentar ao anoitecer, durante semanas, no que envolve toda a família, se reunindo ao fim do dia para orar e comer juntos. Achei isto muito bonito. Ainda, presenciei rituais de oração budistas de uma extrema demonstração de profundidade, na China, que nos fazem compreender a importância que a fé desenvolve nas mais diferentes culturas. Nenhuma destas experiências eram cristãs. No entanto, eu sou cristão, e reconheço na pregação de Cristo o caminho da minha felicidade e esperança. Cristo me conquista a cada dia com sua palavra de extrema coerência, onde aprendo a respeitar estes irmãos e sua fé. Um homem é conhecido pelos frutos que produz, já dizia o mestre. Sua fé deve lhe conduzir a produzir os verdadeiros frutos que agradam a Deus. Há poucos dias recebi, em Londres, um folhetim que falava de Deus na perspectiva de uma corrente cristã ligada a tradição judaica. Não identifiquei claramente qual. Muitas alegações da publicação questionavam conceitos básicos nossos, como céu, vida após a morte, batizado, ou a intenção de Jesus quando na cruz disse a um dos ladrões que com ele foram crucificados: “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso”. Lá citava trechos da Biblia, especialmente do Eclesiastico, para justificar sua versão do que é certo, e falava como se a Biblia deixasse claro que estamos errados. Do mesmo modo, entre nós cristãos brasileiros, vemos a interpretação da palavra de Deus motivar debates onde um se esforça para demonstrar o erro do outro. São muitos sábios tratando do mesmo tema, porém com conclusões diferentes. Afinal, quem está certo?.

A palavra de Deus é uma só.

O evangelho diz que não adianta saber a palavra nos detalhes, praticar a oração, frequentar a igreja, se isso não o conduz a praticar a palavra de Deus na sua vida, e que esta prática o permita gerar frutos no meio onde você vive, nas pessoas que convivem contigo, que precisam de sua iniciativa, do seu exemplo, da sua presença como instrumento de Deus. Não adianta dizer ao outro que a fé dele é falha, quando a vida desta pessoa demonstra muito mais compaixão que a nossa. Está nos frutos, o fim da nossa fé.

Conhecer a palavra, ajoelhar diante de Deus e orar, sair de casa para ir a um culto, ou a uma missa, nada mais são que insumos para nos prover de meios. A água que rega, o adubo que nos fortalece a intenção de sermos realizadores da vontade de Deus, onde vive a justiça verdadeira. A justiça do justo, que não busca vingança, não julga, ou quando julga, é cheio de misericórdia. A justiça que está no direito de ser digno e contribuir para a dignidade do outro, a justiça de enxergar o valor por trás de cada pessoa e trata-la como alguém de valor, semeando o olhar de Deus.

Não há espaço para o Cristão desprezar o outro, diminuir o outro. Somos chamados a expressar boas mensagens, a contribuir na fraqueza do próximo, a acolhe-lo, e contribuir para a construção do seu reino, que é feito de pessoas com o seu preceito de amor

Quem possui a verdade? Vejamos os frutos que a fé de cada um produz. Aí está o reflexo da nossa relação com Deus. Sem discussões, sem relatividade, apenas na constatação do que esta relação produziu. Aí estará sua verdade, de verdade, totalmente nua.

 

sábado, 26 de outubro de 2013

A IGREJA INCLUSIVA - UMA REFLEXÃO


A IGREJA INCLUSIVA – REFLEXÃO

Em alguns momentos de minha vida, surpreendo-me com situações inusitadas, como nesta manhã. Mesmo sendo um assunto muito delicado, preciso partilhar as reflexões que me vieram, pela maneira que vieram.

Na noite anterior, deitado, terminava de ler a revista Época quando me deparei com a matéria – “É possível ser gay e cristão?”. Tratava das chamadas igrejas inclusivas, criadas por pastores americanos, na afirmação de que Deus tem amor incondicional por todos, incluso homossexuais, travestis e transgeneros.

É um tema explosivo, pois a Bíblia em algumas passagens reprova o homossexual, o que motiva padres e pastores a esta mesma reprovação. Na matéria, diz ser fundamento desta corrente, uma releitura desta reprovação, por sua vez contestada por teólogos tradicionais. Desta releitura, cita como exemplo os motivos da destruição de Sodoma e Gomorra, onde os tradicionais apontam a passagem do livro de Judas que diz: “De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades ao seu redor se entregaram a imoralidade e as relações sexuais antinaturais. Estando sob o castigo do fogo eterno, eles servem de exemplo”. Por sua vez, os inclusivos propõem que o verdadeiro motivo não foi este, mas “Eis que foi a iniquidade de Sodoma, fartura de pão e prospera ociosidade teve ela e suas filhas, mas nunca amparou o pobre e o necessitado”. (Ez 16:49)

O texto segue com personalidades do meio comentando, com certa ironia, a interpretação. Lá, diz o escritor Richard Foster, com razão diz: “A homossexualidade é um problema tão difícil de tratar dentro da comunidade cristã que tudo o que for dito será severamente criticado”. Logo, não é fácil para mim escrever estas linhas. Mas não sei porque, acredito que Deus está em minha vida, talvez querendo me usar, e sopra seus propósitos, nas minhas “coincidências”. A mensagem final da reportagem deixa no ar a questão de existir um rebanho de homossexuais que se entendem cristãos em busca de um caminho. Mas que apesar de estarem se organizando em igrejas próprias, gostariam na verdade de serem aceitos como qualquer cristão, amado por Deus em sua condição.

Refleti pouco, e adormeci. Cedo, acordei. Queria andar na praia, fiz minhas orações, olhei minha esposa ao lado e resolvi espera-la. Finalmente me senti cobrado, ao ver a Bíblia na cabeceira, da leitura que costumava fazer, e há um bom tempo não o fazia, em face das últimas viagens, trabalho frenético e falta de disciplina. Abri aleatoriamente, em uma passagem que tratava da profecia onde Nabucodonosor destruiria o Egito e terras vizinhas em chamado de Deus contra a soberba destes povos. Abri novamente, da mesma maneira, em uma passagem intitulada: “A meretriz e as abominações de Jerusalém”, onde Deus compara Jerusalém a uma mulher amada, que na sua juventude era desprezada, mas foi cuidada por Ele, e assim cresceu, ficou bonita, e foi vestida, enfeitada, alimentada, ornamentada, exaltada, e enfim, no auge de sua glória, se voltou para outros “homens”, se deitou com eles, se prostituiu em sua soberba, esqueceu de quem a formou, e se achou capaz de criar imagens de outros “homens” para se entregar, e a eles sacrificou seus filhos e filhas, e encheu-se de abominações, esquecendo-se dos dias de sua juventude “quando estava nua e descoberta, manchada no seu sangue”.

Eu poderia parar por aí, pois os versículos seguintes reafirmaram a mesma ideia, que é o que geralmente procuro entender, onde Jerusalém e seu povo é condenada pela sua infidelidade a Deus, que a formou e a fez especial entre as nações. Mas algo me fez continuar a ler sobre as imoralidades de Jerusalém, e o que Deus faria com ela, para humilhá-la e faze-la se arrepender de seus erros. Até que o texto compara Jerusalém no contexto, a Sodoma, e Samaria, que, diz a passagem, apesar de não seguir os mesmos erros, acabou por se corromper mais que elas, “Em todos seus caminhos”. Isto chamou a minha atenção, e para minha surpresa, veio: “Eis que foi a maldade de Sodoma, tua irmã, soberba, fartura de pão e abundancia de ociosidade teve ela e suas filhas, mas nunca amparou o pobre e o necessitado”. “E se ensoberbeceram e fizeram abominações diante de mim, pelo que eu as tirei dali, vendo eu isto”. Neste momento me toquei que estava lendo Ezequiel, o que me conduziu a compreender, desde a primeira leitura da manhã, a passagem fruto da controvérsia gerada e tratada na revista. Fiquei espantado com os pensamentos que me seguiram.

“Tu pois sofre a tua vergonha, tu que jugastes as tuas irmãs, pelos seus pecados, que fizestes mais abomináveis do que elas”. (Ez 16,52)

Mas muito importante, o capitulo termina assim: “Para que lembres, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca, por causa da tua vergonha, quando me reconciliar contigo de tudo o que fizeste, diz o senhor Jeová”. Deus queria, e perdoou, Jerusalém.

Qual o verdadeiro pecado, a raiz da reprovação aos homossexuais na Biblia? Porque as abominações de Jerusalém foram ainda maiores que os de Sodoma?.

Tudo tem um propósito. Analisamos o que está escrito, para a realidade de uma época, mas a mensagem precisa se adaptar, sem perder o seu propósito, a realidade de outra época. Há inúmeras orientações na Bíblia que se levássemos ao pé da letra, sem esta adaptação diante de seu propósito, viveríamos completamente diferente, na relação entre esposos, na participação das mulheres na igreja e em muitos outros preceitos.

Assim entende alguns pastores, e padres, dentre eles um que muito respeito e que diz, com a representatividade de ser também psicólogo, algo como, “Se São Paulo tivesse noção do que sabemos hoje sobre o homossexualismo, não falaria, hoje, algumas coisas que falou na época, para a realidade da época”. “Pois sabemos hoje que a homossexualidade não é bem uma opção, mas uma condição de ser”.

A Bíblia sagrada nos orienta um proceder, um jeito de viver, com o objetivo de nos conduzir em comunidade, para a felicidade. E nos repreende aquilo que não conduz ao bem do próximo, ao coletivo, e de nós mesmos. O homossexualismo é visto então como um desvio daquilo que é natural, motivado por um propósito que não vem de Deus, mas da decisão de seguir um caminho próprio, movido pela busca do prazer, fruto da soberba de agir independentemente das orientações de Deus, logo desligados dele. Este certamente era o propósito de São Paulo em suas afirmações. Assim vivam de fato alguns povos da antiguidade, entregues a esbórnia, sem limites, seja em relação a sexualidade, seja no egoísmo, na busca do prazer próprio que cega o homem da sua função de servir, do respeito ao próximo, e a misericórdia. Mas isso é comum, não só ao homossexual entregue a devassidão e a luxuria, mas ao heterossexual entregue a devassidão e a luxuria. A soberba está na raiz desta decisão, e desta prática.

Mas voltando a reportagem, há um trecho que exprime uma questão bem diferente, ao falar de Fátima Regina de Souza, arquiteta e homossexual: “Ela tem a impressão de que as pessoas sempre pensam que o homossexual cristão não fez tudo o que podia para mudar, não buscou a Deus o suficiente.”. “É como se a gente estivesse sempre em falta”, diz ela.

O que ela quer dizer? É que a sua homossexualidade não está na decisão de transgredir, não está na soberba de se achar acima da orientação de Deus e desprezá-lo, mas está na sua condição de ser, a qual ela não pode escapar, ou poderia, com muito sofrimento, contra a sua condição natural. Não podemos cegar a esta perspectiva, correndo o risco de colocarmos a lei acima do seu propósito, e da misericórdia, que é o fundamento perfeito. Isto é o que faziam os Fariseus, na sua interpretação inflexível da lei, apesar de bem intencionados muitas vezes, mas que foram chamados por Jesus de hipócritas. A lei foi feita para o bem das pessoas, para conduzir a comunidade a felicidade, e não a discriminação de quem é diferente, se esta diferença é sua condição de ser.

A repreensão, compreendi, está no proceder, nos desprezos as leis naturais, na infidelidade a Deus, que foi a abominação de Jerusalém, maior que a de Sodoma, na soberba que nos leva a olharmos só para nós mesmos, “mas nunca esforçando a mão do pobre e do necessitado” que é a essência cristã, mas em busca dos prazeres inconsequentes, sejam sexuais ou não, como uma religião que substitui a Deus.

Em toda opção há uma consequência, e sim, há insensatos que são homossexuais, assim como heterossexuais, que vivem de maneira reprovável aos olhos da comunidade cristã, sem preocupação alguma com o próximo, se vai escandaliza-lo ou não, pois o outro não lhe interessa. Se optaram por este caminho não podem se dizer cristãos. O mesmo para os avarentos, desonestos, ou quem vive na soberba do egoísmo. Mas se a homossexualidade é sua condição de ser, e ele a vive com dignidade, em uma vida normal, de relacionamentos verdadeiros, contribuindo para a comunidade, e busca a Deus, acho muito difícil que Jesus reprovasse esse cristão, pois como diz São Paulo, somos chamados pelo Espirito Santo para seguir a Cristo.

O cristão verdadeiro não é aquele que conhece a palavra, ou a lei, em suas virgulas, mas o que a vive em sua misericórdia, e gera frutos de amor

Acolher o irmão, em suas diferenças, é uma grande tarefa, e o nosso maior desafio.

 

 

 

 

domingo, 6 de outubro de 2013

ENSINAMENTOS DE SÃO TIAGO - PARTE 3


PARTE 3 -

Somos tentados a fazer distinção de pessoas, tratando de forma privilegiada o rico, o bem trajado, o que aparenta importante, e de maneira menor o pobre, mal trajado, e simples. (Isto é natural em nossa sociedade atual). Mas nós cristãos, devemos resistir a esta tentação, e saber que Deus ama os pobres, e os escolheu para que fossem ricos na fé, e herdeiros do Reino que foi prometido por Deus aos que o amam. Assim, com amor e misericórdia devemos valorizar cada um, independente de sua condição social, sem desprezar o mais humilde, que também é nosso irmão. (No sorriso do nosso irmão encontramos vitória diante do mal.)

Devemos cumprir a lei régia que diz: "Amarás o próximo como a tí mesmo" (Lv 19,18). Mas se nos deixamos levar pela distinção de pessoas, cometemos uma falta que nos iguala a transgressão de qualquer outra das leis, assim como o adultério, ou até matar. (Isso lhe causa espanto?!.)

A lei é uma. Ao transgredirmos um dos pontos da lei, transgredimos toda ela. De que adianta dizer, eu não cometo adultério, mas matar?. Essa palavra é dura, mas serve para direcionar o que falamos, e como procedemos, vivendo como se estivéssemos para ser julgados a qualquer momento. (Ninguém quer ser julgado, mas buscai a porta estreita, dizia Jesus, e com razão. Viver com esta noção de sermos avaliados nos impele a refletir nossa caminhada e corrigir em nossas atitudes, o rumo de nossas vidas)

No final, haverá misericórdia para quem usou de misericórdia, e haverá juízo sem misericórdia, para quem não usou de misericórdia. (A pobreza do meu irmão é uma oportunidade para nós de exercer a nossa misericórdia). Vivei com um olhar misericordioso e sem medo.

A MISERICÓRDIA TRIUNFA SOBRE O JULGAMENTO.