sábado, 26 de outubro de 2013

A IGREJA INCLUSIVA - UMA REFLEXÃO


A IGREJA INCLUSIVA – REFLEXÃO

Em alguns momentos de minha vida, surpreendo-me com situações inusitadas, como nesta manhã. Mesmo sendo um assunto muito delicado, preciso partilhar as reflexões que me vieram, pela maneira que vieram.

Na noite anterior, deitado, terminava de ler a revista Época quando me deparei com a matéria – “É possível ser gay e cristão?”. Tratava das chamadas igrejas inclusivas, criadas por pastores americanos, na afirmação de que Deus tem amor incondicional por todos, incluso homossexuais, travestis e transgeneros.

É um tema explosivo, pois a Bíblia em algumas passagens reprova o homossexual, o que motiva padres e pastores a esta mesma reprovação. Na matéria, diz ser fundamento desta corrente, uma releitura desta reprovação, por sua vez contestada por teólogos tradicionais. Desta releitura, cita como exemplo os motivos da destruição de Sodoma e Gomorra, onde os tradicionais apontam a passagem do livro de Judas que diz: “De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades ao seu redor se entregaram a imoralidade e as relações sexuais antinaturais. Estando sob o castigo do fogo eterno, eles servem de exemplo”. Por sua vez, os inclusivos propõem que o verdadeiro motivo não foi este, mas “Eis que foi a iniquidade de Sodoma, fartura de pão e prospera ociosidade teve ela e suas filhas, mas nunca amparou o pobre e o necessitado”. (Ez 16:49)

O texto segue com personalidades do meio comentando, com certa ironia, a interpretação. Lá, diz o escritor Richard Foster, com razão diz: “A homossexualidade é um problema tão difícil de tratar dentro da comunidade cristã que tudo o que for dito será severamente criticado”. Logo, não é fácil para mim escrever estas linhas. Mas não sei porque, acredito que Deus está em minha vida, talvez querendo me usar, e sopra seus propósitos, nas minhas “coincidências”. A mensagem final da reportagem deixa no ar a questão de existir um rebanho de homossexuais que se entendem cristãos em busca de um caminho. Mas que apesar de estarem se organizando em igrejas próprias, gostariam na verdade de serem aceitos como qualquer cristão, amado por Deus em sua condição.

Refleti pouco, e adormeci. Cedo, acordei. Queria andar na praia, fiz minhas orações, olhei minha esposa ao lado e resolvi espera-la. Finalmente me senti cobrado, ao ver a Bíblia na cabeceira, da leitura que costumava fazer, e há um bom tempo não o fazia, em face das últimas viagens, trabalho frenético e falta de disciplina. Abri aleatoriamente, em uma passagem que tratava da profecia onde Nabucodonosor destruiria o Egito e terras vizinhas em chamado de Deus contra a soberba destes povos. Abri novamente, da mesma maneira, em uma passagem intitulada: “A meretriz e as abominações de Jerusalém”, onde Deus compara Jerusalém a uma mulher amada, que na sua juventude era desprezada, mas foi cuidada por Ele, e assim cresceu, ficou bonita, e foi vestida, enfeitada, alimentada, ornamentada, exaltada, e enfim, no auge de sua glória, se voltou para outros “homens”, se deitou com eles, se prostituiu em sua soberba, esqueceu de quem a formou, e se achou capaz de criar imagens de outros “homens” para se entregar, e a eles sacrificou seus filhos e filhas, e encheu-se de abominações, esquecendo-se dos dias de sua juventude “quando estava nua e descoberta, manchada no seu sangue”.

Eu poderia parar por aí, pois os versículos seguintes reafirmaram a mesma ideia, que é o que geralmente procuro entender, onde Jerusalém e seu povo é condenada pela sua infidelidade a Deus, que a formou e a fez especial entre as nações. Mas algo me fez continuar a ler sobre as imoralidades de Jerusalém, e o que Deus faria com ela, para humilhá-la e faze-la se arrepender de seus erros. Até que o texto compara Jerusalém no contexto, a Sodoma, e Samaria, que, diz a passagem, apesar de não seguir os mesmos erros, acabou por se corromper mais que elas, “Em todos seus caminhos”. Isto chamou a minha atenção, e para minha surpresa, veio: “Eis que foi a maldade de Sodoma, tua irmã, soberba, fartura de pão e abundancia de ociosidade teve ela e suas filhas, mas nunca amparou o pobre e o necessitado”. “E se ensoberbeceram e fizeram abominações diante de mim, pelo que eu as tirei dali, vendo eu isto”. Neste momento me toquei que estava lendo Ezequiel, o que me conduziu a compreender, desde a primeira leitura da manhã, a passagem fruto da controvérsia gerada e tratada na revista. Fiquei espantado com os pensamentos que me seguiram.

“Tu pois sofre a tua vergonha, tu que jugastes as tuas irmãs, pelos seus pecados, que fizestes mais abomináveis do que elas”. (Ez 16,52)

Mas muito importante, o capitulo termina assim: “Para que lembres, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca, por causa da tua vergonha, quando me reconciliar contigo de tudo o que fizeste, diz o senhor Jeová”. Deus queria, e perdoou, Jerusalém.

Qual o verdadeiro pecado, a raiz da reprovação aos homossexuais na Biblia? Porque as abominações de Jerusalém foram ainda maiores que os de Sodoma?.

Tudo tem um propósito. Analisamos o que está escrito, para a realidade de uma época, mas a mensagem precisa se adaptar, sem perder o seu propósito, a realidade de outra época. Há inúmeras orientações na Bíblia que se levássemos ao pé da letra, sem esta adaptação diante de seu propósito, viveríamos completamente diferente, na relação entre esposos, na participação das mulheres na igreja e em muitos outros preceitos.

Assim entende alguns pastores, e padres, dentre eles um que muito respeito e que diz, com a representatividade de ser também psicólogo, algo como, “Se São Paulo tivesse noção do que sabemos hoje sobre o homossexualismo, não falaria, hoje, algumas coisas que falou na época, para a realidade da época”. “Pois sabemos hoje que a homossexualidade não é bem uma opção, mas uma condição de ser”.

A Bíblia sagrada nos orienta um proceder, um jeito de viver, com o objetivo de nos conduzir em comunidade, para a felicidade. E nos repreende aquilo que não conduz ao bem do próximo, ao coletivo, e de nós mesmos. O homossexualismo é visto então como um desvio daquilo que é natural, motivado por um propósito que não vem de Deus, mas da decisão de seguir um caminho próprio, movido pela busca do prazer, fruto da soberba de agir independentemente das orientações de Deus, logo desligados dele. Este certamente era o propósito de São Paulo em suas afirmações. Assim vivam de fato alguns povos da antiguidade, entregues a esbórnia, sem limites, seja em relação a sexualidade, seja no egoísmo, na busca do prazer próprio que cega o homem da sua função de servir, do respeito ao próximo, e a misericórdia. Mas isso é comum, não só ao homossexual entregue a devassidão e a luxuria, mas ao heterossexual entregue a devassidão e a luxuria. A soberba está na raiz desta decisão, e desta prática.

Mas voltando a reportagem, há um trecho que exprime uma questão bem diferente, ao falar de Fátima Regina de Souza, arquiteta e homossexual: “Ela tem a impressão de que as pessoas sempre pensam que o homossexual cristão não fez tudo o que podia para mudar, não buscou a Deus o suficiente.”. “É como se a gente estivesse sempre em falta”, diz ela.

O que ela quer dizer? É que a sua homossexualidade não está na decisão de transgredir, não está na soberba de se achar acima da orientação de Deus e desprezá-lo, mas está na sua condição de ser, a qual ela não pode escapar, ou poderia, com muito sofrimento, contra a sua condição natural. Não podemos cegar a esta perspectiva, correndo o risco de colocarmos a lei acima do seu propósito, e da misericórdia, que é o fundamento perfeito. Isto é o que faziam os Fariseus, na sua interpretação inflexível da lei, apesar de bem intencionados muitas vezes, mas que foram chamados por Jesus de hipócritas. A lei foi feita para o bem das pessoas, para conduzir a comunidade a felicidade, e não a discriminação de quem é diferente, se esta diferença é sua condição de ser.

A repreensão, compreendi, está no proceder, nos desprezos as leis naturais, na infidelidade a Deus, que foi a abominação de Jerusalém, maior que a de Sodoma, na soberba que nos leva a olharmos só para nós mesmos, “mas nunca esforçando a mão do pobre e do necessitado” que é a essência cristã, mas em busca dos prazeres inconsequentes, sejam sexuais ou não, como uma religião que substitui a Deus.

Em toda opção há uma consequência, e sim, há insensatos que são homossexuais, assim como heterossexuais, que vivem de maneira reprovável aos olhos da comunidade cristã, sem preocupação alguma com o próximo, se vai escandaliza-lo ou não, pois o outro não lhe interessa. Se optaram por este caminho não podem se dizer cristãos. O mesmo para os avarentos, desonestos, ou quem vive na soberba do egoísmo. Mas se a homossexualidade é sua condição de ser, e ele a vive com dignidade, em uma vida normal, de relacionamentos verdadeiros, contribuindo para a comunidade, e busca a Deus, acho muito difícil que Jesus reprovasse esse cristão, pois como diz São Paulo, somos chamados pelo Espirito Santo para seguir a Cristo.

O cristão verdadeiro não é aquele que conhece a palavra, ou a lei, em suas virgulas, mas o que a vive em sua misericórdia, e gera frutos de amor

Acolher o irmão, em suas diferenças, é uma grande tarefa, e o nosso maior desafio.

 

 

 

 

domingo, 6 de outubro de 2013

ENSINAMENTOS DE SÃO TIAGO - PARTE 3


PARTE 3 -

Somos tentados a fazer distinção de pessoas, tratando de forma privilegiada o rico, o bem trajado, o que aparenta importante, e de maneira menor o pobre, mal trajado, e simples. (Isto é natural em nossa sociedade atual). Mas nós cristãos, devemos resistir a esta tentação, e saber que Deus ama os pobres, e os escolheu para que fossem ricos na fé, e herdeiros do Reino que foi prometido por Deus aos que o amam. Assim, com amor e misericórdia devemos valorizar cada um, independente de sua condição social, sem desprezar o mais humilde, que também é nosso irmão. (No sorriso do nosso irmão encontramos vitória diante do mal.)

Devemos cumprir a lei régia que diz: "Amarás o próximo como a tí mesmo" (Lv 19,18). Mas se nos deixamos levar pela distinção de pessoas, cometemos uma falta que nos iguala a transgressão de qualquer outra das leis, assim como o adultério, ou até matar. (Isso lhe causa espanto?!.)

A lei é uma. Ao transgredirmos um dos pontos da lei, transgredimos toda ela. De que adianta dizer, eu não cometo adultério, mas matar?. Essa palavra é dura, mas serve para direcionar o que falamos, e como procedemos, vivendo como se estivéssemos para ser julgados a qualquer momento. (Ninguém quer ser julgado, mas buscai a porta estreita, dizia Jesus, e com razão. Viver com esta noção de sermos avaliados nos impele a refletir nossa caminhada e corrigir em nossas atitudes, o rumo de nossas vidas)

No final, haverá misericórdia para quem usou de misericórdia, e haverá juízo sem misericórdia, para quem não usou de misericórdia. (A pobreza do meu irmão é uma oportunidade para nós de exercer a nossa misericórdia). Vivei com um olhar misericordioso e sem medo.

A MISERICÓRDIA TRIUNFA SOBRE O JULGAMENTO.

sábado, 31 de agosto de 2013

ENSINAMENTOS DE S. TIAGO - PARTE 2


Continuando a divulgar, no meu ponto de vista, os ensinamentos que São Tiago nos deixou em sua epistola, tão profunda e completa, os convido a questionarmos nossos caminhos...

PARTE 2

"Todo homem deve estar sempre pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para se irar"

A nossa capacidade de ouvir, de evitar pré julgamentos, nos manifestando sempre com sobriedade e misericórdia, nos faz diferentes, e ao mesmo tempo semelhantes ao Mestre. Deus não quer que nos entreguemos a ira, mas que sejamos mansos. E a palavra de Deus, que nos é semeada, nos apoia neste sentido, nos fortalece, nos corrige. Este caminho é que salva nossas almas. Devemos evitar os sentimentos ruins, cheios de malicia, que nos impede de compreendermos o irmão, e buscarmos sempre a serenidade em nossas atitudes, e em nosso falar. O cristão deve ser um filtro, que avalia com piedade o que se aproveita e constroi, daquilo que destroi. Nosso papel é construir o reino de Deus na terra.

Só tem sentido ouvir as palavras de Deus, se colocarmos em prática. Devemos praticar o que Deus espera de nós, especialmente a misericórdia. Quem não compreende isto, se engana achando que segue a Deus. Nossa prática gera frutos nas vidas das outras pessoas. MAS É NECESSÁRIO PERSEVERANÇA, (pois somos sempre impelidos a pensar em nós mesmos, em nossas reponsabilidades ou necessidades, e deixamos de lado, ou adiamos, o nosso papel de vir ao encontro da necessidade do próximo), PARA FAZER A VONTADE DE DEUS, que é um mundo mais fraterno, onde cuidamos uns dos outros. Sem perseverança, com a real intenção de atingir este objetivo, é muito dificil.

Este é religado, tem religião, está no caminho certo, e deve evitar as corrupções deste mundo, ou seja, aquilo que nos faz desviar deste caminho. É o que nos conduz a ira, ao egoísmo, a vaidade excessiva, ao pré conceito, que nos faz cegar as carëncias e ao ponto de vista dos outros. Porque a religião de Deus está na capacidade de cada um enxergar a necessidade do outro, atender aos orfãos e as viuvas deste mundo, ou seja, a quem não tem quem os sustente e os escutem, aqueles que são marginalizados, aos quais não lhe foi dado amor, aos mais frágeis e indefesos e que precisam de nossa misericordia. AGINDO EM NOME DE DEUS, SOMOS RELIGADOS A DEUS.

domingo, 25 de agosto de 2013

ENSINAMENTOS DE S. TIAGO


Amigos, para mim a epistola de São Tiago exprime o resumo da fé cristâ. Apesar de ser um texto pequeno, para os padrões da biblia, nos ensina muito, mas muito mesmo. Reproduzo abaixo então, o que São Tiago diz para mim naquelas palavras e os convido a refletirem seus ensinamentos. Farei isto em partes. Vem comigo...

PARTE 1

Na vida temos provações. Não devemos, no entanto, temer as provações, mas diante delas mantermos a fé, que nos fortalece por meio da paciëncia, e contribui para a nossa perfeição.

A sabedoria para enfrentar as provações vem de Deus, ou seja, Ele nos auxilia a lidar com as provações, não necessariamente as elimina. E se precisamos desta força de resistëncia, pois as nossas forças se acabam, se necessário for, devemos pedi-la a Deus. E este pedido deve manifestar a convicção de sermos atendidos, com fé verdadeira em Deus que tudo pode, pois de outra forma dificilmente a receberemos. Entregue-se ao Senhor, e Ele o ajudará a lidar com os desafios que o provam nos momentos de dificuldade.

Os humildes se fortalecem com sua humildade, e os ricos em sua humilhação, pois as riquezas são armadilhas, que nos afastam de nossa humildade. Mas as riquezas deste mundo passarão, ficarão para trás, e a humildade será elevada. O rico, então precisa aprender a se humilhar, diante da glória que o mundo lhe oferece e o acaba seduzindo, mas que o afasta de sua humanidade, fraternidade e misericórdia com o sofrimento do outro. Pois o Reino de Deus, é dos humildes.

Assim, diante das tentações, feliz é aquele que mantém a fé, escolhe o caminho correto, enfrenta a provação, se purifica, e tem como recompensa a coroa da vida.

E aqui, atenção para um ensinamento muito importante:

Devemos saber que não é Deus que tenta o homem, pois Deus é inacessível ao mal e não tenta ninguém. Somos tentados pelas nossas fragilidades diante do mal batendo a nossa porta, que não vem de Deus.
A nossa fragilidade nos faz cair na sedução do mal, em prol de nossos próprios interesses. Isso é a tentação. E conscientes de nossas escolhas, optamos por acolhermos a tentação, dando a luz ao pecado, que é algo material, palpável, que gera desamor. Ao tomarmos esta decisão estamos contribuindo com o mal, que nos tenta, produzindo desamor. E isso nos conduz a morte.

O caminho da fé nos faz resistir diante das provações, para que não caiamos em tentação. O fim deste caminho é a vida. O caminho da fraqueza nos leva ao pecado. Como Deus é inacessível ao mal, este caminho nunca nos levará a Deus, que dá a vida. O fim deste caminho é a morte.

Não nos iludamos, buscando julgar a Deus, (ou sua misericórdia), pois no fim, quem decide o caminho de vida ou morte somos nós mesmos. Reflita então, o caminho que você está seguindo com suas escolhas. Onde ele vai dar?

Deus nos oferece dons e dádivas perfeitas e seu parecer não muda. Ele não nos tenta jamais.

Até a próxima!!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

SE EU FOSSE O PRINCIPE DO MAL

Se eu fosse o príncipe do mal

 

Se eu fosse o príncipe do mal, e, incumbido de semear os alicerces do meu reino, planejasse as minhas ações, silenciosa e sorridentemente, certamente me apoiaria nas melhores intenções. Afinal, os homens são cheios de boas intenções. E assim, não tardaria em construir uma sociedade a meu dispor.

Todos buscam melhorias para as suas vidas, e eu apenas iria ajudá-los. Sob algum ponto de vista, todo errado tem um viés de certo. E afinal, quem gosta de estar errado?. Vamos valorizar o que é certo!. O certo é que todos se proponham a buscar a sua própria felicidade, afinal, isso lhes é de direito. Meu papel seria apenas indicar o caminho.

Para me auxiliar, recorreria a velhos aliados, os quais forjaram o mundo, e hoje são ainda mais exaltados. A singela vaidade, o nobre orgulho, a solidez das convicções, e o medo. Meus atores os fariam contemplar cada um, a si mesmo, em toda sua beleza, desejos e receios, e cegar para os outros.

A vaidade transforma pequenas discussões em conflitos, e o orgulho, os pereniza e inibe o perdão.

Inspiraria a criação de coisas maravilhosas, que todos gostariam de ter, para que eles façam qualquer coisa para obtê-las. Aos mais fortes de caráter, daria ainda um conjunto de obrigações que os faria trabalhar tanto, que seriam incapazes de cuidar de suas famílias, e passarem o tempo adequado com seus filhos, e educá-los. Afinal, para que pressa?. Será muito mais fácil forjar cada nova geração no sentido que desejo. Para isso, trabalharia nas suas raízes.

Usando os exemplos das famílias mais fracas e desajustadas, onde eu posso influenciar o desamor, faria com que os pais cometessem os maiores absurdos contra seus filhos, para que assim, por medo, todas as famílias fossem tratadas com desconfiança, e a autoridade dos pais questionada. Em seguida, inspiraria pessoas de boa intenção a protegerem demasiadamente o direito das crianças, tornando-os intocáveis, e os lançaria em modelos de educação lindos em teoria, mas que eles não fossem capazes de executar, pois roubei-lhes o tempo

Então, desde pequenos, cheios de vontades e direitos, usaria o ambiente de sua formação, as escolas, para fomentar disputas, discórdias e discriminações. Em casa, inspiraria uma mídia super interessante, que retratasse os pais como retrógrados, cafonas, distantes, e incentivaria a busca pelo novo, o descartável, o lançamento, e motivaria o "Dá um tempo", e o "faço o que eu quero". Aliás, adoraria esta frase!.

Em suma, colocaria os filhos contra seus pais, incentivando-os a assumirem seus direitos e saírem de casa o quanto antes. Assim teria mais espaço para influenciar as almas em construção. Por outro lado, usaria o argumento "em construção" para deixar impune as ações dos que fui capaz de absorver e assim, criaria uma massa de jovens trabalhando a meu favor, aliciados pelos adultos que já manipulo.

Faria que o termo liberdade se tornasse confuso aos homens. Incentivaria todas as minorias a lutarem pelo seu direito de manifestar suas opções, em nome da liberdade, e em nome desta mesma liberdade, obrigaria as maiorias a não poderem manifestar suas opções. Bastaria inspirar as pessoas de boa intenção a alegar que irá ferir a liberdade destas minorias. Assim, de um lado alguns exerceriam sua liberdade livremente, enquanto o que hoje me incomoda nas maiorias, seria suprimido.

Por exemplo, afirmando que todos tem o direito de ter a sua religiosidade, transformaria a mesma aos poucos em mera superstição, e o direito em manifestá-las em dever de esconde-la por respeito aos outros.

E mais. Transformaria o termo religião em motivo de discórdia, (bem vindo o orgulho das convicções que turvam as melhores intenções), pois, procurando afirmar serem detentores da verdade, inspiraria os de melhor intenção, os mais dedicados, a defenderem seu ponto de vista até a morte, principalmente pontos que os diferenciam, uns dos outros, igrejas de igrejas, esquecendo da essência que as unem, o maldito amor. Transformaria a busca do bem em mal. Assim, todos evitariam tratar do tema com medo de confusão, e eles esqueceriam que unidos, e valorizando suas essências e intersecções, poderiam me enfraquecer.

Com as melhores intenções, transformaria os países em estados laicos, para que confusos com este significado, no médio prazo os transformassem em estados ateus. Proibiria, aos poucos, todas as manifestações publicas de fé particular, (justificando o direito dos que não tem fé), e o ensino religioso nas escolas, em nome das minorias. Afinal, a liberdade não estaria em viver, cada um, sua fé, livremente, sem que o outro se incomodasse com a sua manifestação, mas exatamente o contrário. Em países da perigosa cultura cristã, seria especialmente útil. Não fazer o mal, seria para eles fazer o bem, e a sua omissão, um conforto. Para eles, e para mim.

Daí lançaria mão do medo. Moveria uma sociedade de desconfiança. Incitaria neles o egoísmo, tornando-os cegos as necessidades dos necessitados, e nestes, incitaria a revolta, para que eles se permitissem tomar a força, o que lhes foi negado. Inspiraria os mais fracos de espirito as piores atrocidades. Roubaria a paz e a tranquilidade. Apoiado nas melhores intenções dos indignados, transformaria a palavra justiça em vingança, e os jogaria nas prisões. Estas, que deveriam corrigir, transformaria em minhas universidades do mal. A sede de vingança ofuscaria qualquer lógica. Assim, construiria meu exercito mais facilmente, transformando pequenos delinquentes em competentes criminosos.

Finalmente teria a desconfiança generalizada, e cada um se defendendo, destruiria a cultura do comum, do serviço, da misericórdia, e os lançaria na solidão do ego. Eles desenvolveriam doenças emocionais, indefesos e perdidos. Neste momento o meu reino viria como uma bola de neve, crescendo mais e mais, e eu, sorridente e silencioso, contemplaria a minha glória.

Um plano....

Este plano lhe é familiar..?

Estaria ele sendo colocado em prática..?

Tudo estaria perfeito, a não ser que alguém descobrisse o plano, e os alertando, encontrasse vozes que os movessem a ação. E eles tornariam a encontrar no amor e nos relacionamentos verdadeiros, na verdadeira família, na entrega de seus corações ao outro, na educação de valores, na misericórdia e na compaixão, na humildade e solidariedade, a cura de seus inúmeros males.

Um dia alguém que nos amava plantou uma semente, regou com Seu sangue, e nos entregou para cuidar. E nós, diante disto?. Calamos, ou nos associamos a voz que renova todas as coisas?

domingo, 7 de abril de 2013

Cristãos de um só Cristo

Cristãos de um só Cristo
 
A religião que mais cresce no mundo é a muçulmana, o Islã. Estima-se que em 20 anos seja a religião predominante na Europa. Enquanto isto, nós cristãos nos dividimos em inúmeras vertentes, o que gera novas oportunidades de acesso a fé, mas também fragiliza a nossa unidade. Afinal, não somos todos de Cristo?.
 
Me dói ouvir um cristão falando de outro, somente porque não comungam dos mesmos pensamentos, da mesma igreja. As igrejas são comunidades, assim como desde o principio do cristianismo, propensas a seguirem líderes, e seus entendimentos da fé. Paulo, já bem no começo observou isto, na comunidade de Corinto, onde já havia contendas:
“Quero dizer com isto que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo”, (Co 1:12), e questiona: “Está Cristo dividido?”, (Co 1:13)
E Paulo insistia, pois prezava pela unidade da comunidade: “Rogo-vos...sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer” (Co 1:10)
 
As lideranças conduzem grupos que prezam pelo mesmo parecer, e ao longo da história existiram momentos onde estes grupos não entraram em acordo. O Cristo é o mesmo, e todos nós fazemos parte do mesmo corpo, que é Cristo. Mas os nossos pensamentos não o são. E desta maneira, já no século V, a igreja dividiu-se, (gerando a igreja ortodoxa copta, por exemplo). Desta maneira novas comunidades surgiram a partir das antigas comunidades, ou seja, novas igrejas.
 
Na verdade, você não precisa concordar com tudo que a igreja diz, mas respeitá-la. O seu encontro com Cristo é pessoal. A igreja deve ser o ambiente que lhe orienta, e conduz ao fortalecimento de sua fé. Também não deve ignorá-la, pois a fé é completa e gera muito mais frutos quando a vivemos com os outros. Cristo nos motiva a viver em comunidade, “Onde dois ou mais estiverem juntos em meu nome, lá estarei no meio deles”,( Mt 18,20 ), pois sabe que o meio que nos conduz melhor a felicidade são os relacionamentos. A busca de mudar, para se encontrar em uma outra igreja, parte da necessidade em encontrar quem pense igual a você, mas é uma busca sem fim. Desta maneira, as igrejas se multiplicam, sem necessidade.
 
A fé consciente é aquela que é capaz de concordar ou discordar do que a comunidade lhe diz, porém absorvendo e multiplicando aquilo que é essencial, construindo a sua igreja, ajudando a aperfeiçoa-la, visando a glória de Cristo, a glória de Deus.
Todos estamos em busca do caminho que Jesus nos deixou, para nos aproximarmos de Deus. Amar uns aos outros é o nosso maior mandamento, logo, devemos fazer um esforço para amar os nossos irmãos, cristãos ou não. Concordando ou discordando de  nossos pensamentos e maneira de seguir a nossa fé, são nossos irmãos. O ciclo de aceitação e afeição gera muitos frutos e constrói verdadeiramente o reino de Deus. Se queremos algum dia viver no reino de Deus, precisamos exercitar a convivência.
Assim sendo, respeitando nossas diferenças, aprendemos uns com os outros, e fortalecemos nosso bem maior, que é o corpo de Cristo. O mundo já questiona a todos nós. Não precisamos nos criticar também, precisamos nos unir. Católicos, evangélicos, ortodoxos e todos os demais cristãos, temos muito em comum, ou pelo menos, deveríamos ter.
 
Enquanto isto há uma ação do Ministério Publico querendo retirar das cédulas brasileiras a inscrição, “Louvado seja Deus”, por entender que agride pessoas de outros cultos. A cultura brasileira foi alicerçada pelos fundamentos cristãos. Quando perdemos nossas referencias, sejam elas católicas, como é o caso dos crucifixos nas repartições, ou não, todos perdem. Vide a Europa onde as novas gerações mal tem contato com a ideologia cristã.
Logo, as referencias cristãs são importantes a todos os nós, pois elas são parte da cultura do nosso país, e transcendem a religiosidade. Devemos nos unir em sua defesa
 
O melhor meio para demonstrar que a sua fé é verdadeira, que a sua igreja é um instrumento verdadeiro de fé, está no exemplo, estão nos frutos da sua fé. O legítimo cristão é aquele que pratica a misericórdia, a justiça, a piedade, o amor, não somente em palavras, mas em ações.
Um dos textos mais relevantes e completos que eu conheço na Biblia é encontrado na pequena epistola de São Tiago, que está localizada logo após as cartas de São Paulo. Lá encontramos o resumo do que é ser um verdadeiro cristão. Nos próximos textos tratarei sobre ela. Deixo aqui uma pequena passagem que fala por si só:
 
“Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre com um bom proceder as suas obras repassadas de doçura e de sabedoria.” Tg 3, 13.
 
 Amigos, não julguemos nossos irmãos cristãos, antes, o apoiemos em sua fé. Afinal, uns são de Paulo, outros de Apolo, outros de Cefas. Mas, todos, somos necessariamente do mesmo Cristo, POIS ELE É UM SÓ!.