A ilha
Preocupados com a escalada da violência, e incapaz de combater a perda de valores
morais e de convivência que vinham tornando a sociedade algo inviável, teve-se a ideia de
criar uma ilha, isolada do mundo, onde tudo pudesse funcionar outra vez.
Nela seria construída a cidade dos sonhos, sem muros, sem armas, onde as leis são claras e
não precisam ser questionadas, e as pessoas pudessem viver livres de qualquer medo. Para lá
seriam transferidos os homens de bem, aqueles capazes de manter a ilha um local onde todos
pudessem confiar em todos, de modo que, para sempre, fosse um lugar ideal.
Todos queriam mudar-se para a ilha. Muitos queriam saber os critérios que definiam alguém ser “de bem”, ou não, para serem chamados. Todos se achavam, de um jeito ou de outro, merecedores. Mas havia um detalhe que criou a maior polemica. Quem fosse para a ilha, não poderia voltar, e quem não se adaptasse a ela, seria convidado a se retirar, e seu destino seria incerto.
Depois de muita discussão, definiu-se que todos seriam chamados a morar lá, desde que nada
fizessem para que a ilha deixasse de ser a ilha, ou seja, um lugar onde ninguém é servido, mas todos se servem, e todos se ajudam, e todos vivem em harmonia. Mas, se transgredisse o equilíbrio do lugar, automaticamente seria excluído.
Mais e mais protestos fizeram divulgar na sociedade que as regras seriam mais
brandas, e alguns desvios seriam tolerados. O fato é que muitos partiam para a ilha, e nunca mais eram vistos.
Até que, um comunicado oficial chegou, dizendo ser fundamental as pessoas se prepararem antes de serem encaminhadas a ilha, pois acontecimentos desagradáveis vinham obrigando medidas mais enérgicas, para resguardar a paz que definia o lugar, e apesar de que todos eram chamados, poucos acabavam escolhidos a ficar. A administração dizia que na ilha não poderia haver lugar para
o mal, para a ganancia, a inveja, a vaidade, que dão origem as desavenças. A ilha fora criada
para ser um lugar especial, para pessoas capazes de mantê-la especial.
A noticia gerou imediata consternação, especialmente porque ninguém sabia quem lá estava,
e nem onde estavam os que lá não ficaram. O sistema foi questionado duramente, e uns diziam
que tudo aquilo era uma manipulação de poucos, interessados em resguardar a ilha só para eles. Então, foi divulgado que todos seriam aceitos, e todos ficaram aliviados
Mas, um dia, alguém começou a gritar e divulgar que havia uma enorme fila do lado de fora da ilha, que crescia, enquanto somente poucos permaneceriam lá dentro. A administração justificou que, como todos achavam que iam de qualquer maneira para a ilha, cada vez menos pessoas se preparavam para ela, e para resguardá-la, medidas foram necessárias.
A partir daí, a ilha virou uma questão de direito, e um levante geral, a beira de uma revolução, forçou a mudança nas regras da ilha. A partir de então, seria necessário abrir um processo, juntar provas, contratar advogados, esperar recursos, até se provar que alguém não seria capaz de viver ali.
Os movimentos sociais estavam satisfeitos, os direitos individuais resguardados.
E então, a ilha deixou de ser a ilha
REFLEXÃO:
O reino de Deus é um lugar desejado por todos, pois entendemos que lá a vida alcança sua
plenitude, e o sofrimento não tem lugar. Diz a bíblia que é onde a fera convive com o animal
doméstico, e as armas se tornam instrumentos de colheita, onde não há medo, nem
desconfiança, nem contenda, somente uma vida de paz.
Muitos discutem quem entrará no reino de Deus, e a ideia atual é que todos serão salvos, pois Deus é misericordioso. Mesmo Jesus afirmando que a porta é estreita, e recomendando, “vigiai e orai”, compreendemos que ninguém pode nos tirar o direito ao reino. Porém só quem pode nos condenar, é Deus, que não condena, mas pratica a justiça, ou seja, quem nos condena somos nós mesmos que não
estamos prontos para a casa de Deus.
Como pode Deus permitir que alguém vá fazer parte de sua comunidade sem estar pronto
para PERMANECER nela?. A palavra diz: “Muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”.
A idéia de paraíso não tem uma definição clara. Mas nem precisa ser mais que o mundo que
conhecemos, sem as suas mazelas, onde todos podem viver como na ilha, da história.
Permanece lá quem contribui para que o reino de Deus continue a ser um paraíso. Caso
contrário, assim como a ilha foi consumida pela corrupção e perdeu seu sentido, o reino de
Deus perderia também.
E nós, se fossemos chamados hoje, estaríamos prontos??
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
sábado, 1 de novembro de 2014
AS COISAS SIMPLES
AS COISAS SIMPLES E A HUMILDADE
Certas experiências nos chamam a
atenção, mesmo sem nada especial. Quando conseguimos desfrutar de um momento
leve e prazeroso e isso nos faz sentir a beleza desta vida, notamos que na
maioria das vezes vem de algo simples. E, é muito interessante observar que tais
experiências estão disponíveis a quase todas as pessoas! Não é a toa que
encontramos pessoas em todas as classes, sofrendo, ou irradiando felicidade. A
simplicidade é mesmo linda, e valorizá-la é uma descoberta.
Para enxergar este lado da vida, é
necessário humildade, um ingrediente básico, que deveria ser almejado por
todos, pois é o caminho para sentir a presença de Deus
A humildade independe de condição
financeira ou social, ou do ambiente em que se vive, mas do nosso interior, do
modo que compreendemos este ambiente, do que valorizamos e até que ponto
valorizamos. Quem não gosta de coisas boas? Quem não se admira com tantas
maravilhas o próprio homem construiu? Isso não diminui o homem, nem sua
humildade. Mas perder-se diante disto, sim.
Todos nós temos orgulho e vaidade,
em escalas diferentes, mas temos. A humildade nos faz capazes de controlar
estes impulsos. O orgulho e a vaidade são propulsores e ao mesmo tempo sabotadores
de nossas vidas. Controlá-los nos faz cristãos, a humildade nos faz cristãos, e
nos permite enxergar não somente a nós mesmos, mas o outro.
Quando ascendemos socialmente,
temos a oportunidade do acesso a experiências cada vez mais exclusivas, e somos
seduzidos a nos tornar exclusivos, e isto nos envolve em uma armadilha de se
isolar, entender-se diferente dos demais, buscando outros semelhantes, que cada
vez são em menor número, na medida que evoluímos. Isto nos cega. Evitar esse
caminho, é a atitude de um homem ou mulher prudentes.
Ser humildes não nos faz melhor
que ninguém, mas nos faz melhor com nós mesmos!
Está nas coisas simples, nos
relacionamentos verdadeiros, no arriscar-se amar e ser amado, nos pequenos
prazeres, o alimento de nossa felicidade. Está na fé, no relacionamento com
Deus, arriscando-se a entregar-se ao seu amor, a plenitude que dá sentido a
todo o resto, e ambas as coisas estão a disposição de todos nós, basta querer,
perseverar, desfrutar, e sorrir.
sábado, 12 de julho de 2014
PELOS FRUTOS SE CONHECE A VERDADE
Viajo bastante, e de fato, adoro.
Seja a trabalho ou a lazer, estar viajando me permite aprender, o que nos faz
crescer. Tive a oportunidade de conhecer a Ásia, e algo que sempre me chama
muita atenção no contato com diferentes culturas, sejam elas asiáticas, árabes,
europeias ou americanas, é o poder da fé. Tirei uma foto dentro de um taxi na Tailândia,
onde o chofer pregava orações e desenhos relacionados a sua fé no teto do
carro. Em Dubai, presenciei a força do Ramadã, o mês sagrado, onde eles se
alimentam ao amanhecer, e voltam a se alimentar ao anoitecer, durante semanas, no
que envolve toda a família, se reunindo ao fim do dia para orar e comer juntos.
Achei isto muito bonito. Ainda, presenciei rituais de oração budistas de uma
extrema demonstração de profundidade, na China, que nos fazem compreender a importância
que a fé desenvolve nas mais diferentes culturas. Nenhuma destas experiências
eram cristãs. No entanto, eu sou cristão, e reconheço na pregação de Cristo o
caminho da minha felicidade e esperança. Cristo me conquista a cada dia com sua
palavra de extrema coerência, onde aprendo a respeitar estes irmãos e sua fé.
Um homem é conhecido pelos frutos que produz, já dizia o mestre. Sua fé deve
lhe conduzir a produzir os verdadeiros frutos que agradam a Deus. Há poucos dias
recebi, em Londres, um folhetim que falava de Deus na perspectiva de uma
corrente cristã ligada a tradição judaica. Não identifiquei claramente qual. Muitas
alegações da publicação questionavam conceitos básicos nossos, como céu, vida
após a morte, batizado, ou a intenção de Jesus quando na cruz disse a um dos
ladrões que com ele foram crucificados: “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.
Lá citava trechos da Biblia, especialmente do Eclesiastico, para justificar sua
versão do que é certo, e falava como se a Biblia deixasse claro que estamos
errados. Do mesmo modo, entre nós cristãos brasileiros, vemos a interpretação
da palavra de Deus motivar debates onde um se esforça para demonstrar o erro do
outro. São muitos sábios tratando do mesmo tema, porém com conclusões
diferentes. Afinal, quem está certo?.
A palavra de Deus é uma só.
O evangelho diz que não adianta
saber a palavra nos detalhes, praticar a oração, frequentar a igreja, se isso
não o conduz a praticar a palavra de Deus na sua vida, e que esta prática o
permita gerar frutos no meio onde você vive, nas pessoas que convivem contigo,
que precisam de sua iniciativa, do seu exemplo, da sua presença como
instrumento de Deus. Não adianta dizer ao outro que a fé dele é falha, quando a
vida desta pessoa demonstra muito mais compaixão que a nossa. Está nos frutos,
o fim da nossa fé.
Conhecer a palavra, ajoelhar
diante de Deus e orar, sair de casa para ir a um culto, ou a uma missa, nada
mais são que insumos para nos prover de meios. A água que rega, o adubo que nos
fortalece a intenção de sermos realizadores da vontade de Deus, onde vive a
justiça verdadeira. A justiça do justo, que não busca vingança, não julga, ou
quando julga, é cheio de misericórdia. A justiça que está no direito de ser
digno e contribuir para a dignidade do outro, a justiça de enxergar o valor por
trás de cada pessoa e trata-la como alguém de valor, semeando o olhar de Deus.
Não há espaço para o Cristão
desprezar o outro, diminuir o outro. Somos chamados a expressar boas mensagens,
a contribuir na fraqueza do próximo, a acolhe-lo, e contribuir para a
construção do seu reino, que é feito de pessoas com o seu preceito de amor
Quem possui a verdade? Vejamos os
frutos que a fé de cada um produz. Aí está o reflexo da nossa relação com Deus.
Sem discussões, sem relatividade, apenas na constatação do que esta relação
produziu. Aí estará sua verdade, de verdade, totalmente nua.
sábado, 26 de outubro de 2013
A IGREJA INCLUSIVA - UMA REFLEXÃO
A IGREJA INCLUSIVA – REFLEXÃO
Em alguns momentos de minha vida, surpreendo-me com situações
inusitadas, como nesta manhã. Mesmo sendo um assunto muito delicado, preciso
partilhar as reflexões que me vieram, pela maneira que vieram.
Na noite anterior, deitado, terminava de ler a revista Época
quando me deparei com a matéria – “É possível ser gay e cristão?”. Tratava das
chamadas igrejas inclusivas, criadas por pastores americanos, na afirmação de
que Deus tem amor incondicional por todos, incluso homossexuais, travestis e
transgeneros.
É um tema explosivo, pois a Bíblia em algumas passagens
reprova o homossexual, o que motiva padres e pastores a esta mesma reprovação.
Na matéria, diz ser fundamento desta corrente, uma releitura desta reprovação,
por sua vez contestada por teólogos tradicionais. Desta releitura, cita como
exemplo os motivos da destruição de Sodoma e Gomorra, onde os tradicionais
apontam a passagem do livro de Judas que diz: “De modo semelhante a estes,
Sodoma e Gomorra e as cidades ao seu redor se entregaram a imoralidade e as
relações sexuais antinaturais. Estando sob o castigo do fogo eterno, eles
servem de exemplo”. Por sua vez, os inclusivos propõem que o verdadeiro motivo
não foi este, mas “Eis que foi a iniquidade de Sodoma, fartura de pão e
prospera ociosidade teve ela e suas filhas, mas nunca amparou o pobre e o
necessitado”. (Ez 16:49)
O texto segue com personalidades do meio comentando, com
certa ironia, a interpretação. Lá, diz o escritor Richard Foster, com razão diz:
“A homossexualidade é um problema tão difícil de tratar dentro da comunidade
cristã que tudo o que for dito será severamente criticado”. Logo, não é fácil
para mim escrever estas linhas. Mas não sei porque, acredito que Deus está em
minha vida, talvez querendo me usar, e sopra seus propósitos, nas minhas
“coincidências”. A mensagem final da reportagem deixa no ar a questão de
existir um rebanho de homossexuais que se entendem cristãos em busca de um
caminho. Mas que apesar de estarem se organizando em igrejas próprias,
gostariam na verdade de serem aceitos como qualquer cristão, amado por Deus em
sua condição.
Refleti pouco, e adormeci. Cedo, acordei. Queria andar na
praia, fiz minhas orações, olhei minha esposa ao lado e resolvi espera-la.
Finalmente me senti cobrado, ao ver a Bíblia na cabeceira, da leitura que
costumava fazer, e há um bom tempo não o fazia, em face das últimas viagens,
trabalho frenético e falta de disciplina. Abri aleatoriamente, em uma passagem
que tratava da profecia onde Nabucodonosor destruiria o Egito e terras vizinhas
em chamado de Deus contra a soberba destes povos. Abri novamente, da mesma
maneira, em uma passagem intitulada: “A meretriz e as abominações de
Jerusalém”, onde Deus compara Jerusalém a uma mulher amada, que na sua
juventude era desprezada, mas foi cuidada por Ele, e assim cresceu, ficou
bonita, e foi vestida, enfeitada, alimentada, ornamentada, exaltada, e enfim,
no auge de sua glória, se voltou para outros “homens”, se deitou com eles, se prostituiu
em sua soberba, esqueceu de quem a formou, e se achou capaz de criar imagens de
outros “homens” para se entregar, e a eles sacrificou seus filhos e filhas, e
encheu-se de abominações, esquecendo-se dos dias de sua juventude “quando
estava nua e descoberta, manchada no seu sangue”.
Eu poderia parar por aí, pois os versículos seguintes
reafirmaram a mesma ideia, que é o que geralmente procuro entender, onde
Jerusalém e seu povo é condenada pela sua infidelidade a Deus, que a formou e a
fez especial entre as nações. Mas algo me fez continuar a ler sobre as
imoralidades de Jerusalém, e o que Deus faria com ela, para humilhá-la e
faze-la se arrepender de seus erros. Até que o texto compara Jerusalém no
contexto, a Sodoma, e Samaria, que, diz a passagem, apesar de não seguir os
mesmos erros, acabou por se corromper mais que elas, “Em todos seus caminhos”.
Isto chamou a minha atenção, e para minha surpresa, veio: “Eis que foi a
maldade de Sodoma, tua irmã, soberba, fartura de pão e abundancia de ociosidade
teve ela e suas filhas, mas nunca amparou o pobre e o necessitado”. “E se
ensoberbeceram e fizeram abominações diante de mim, pelo que eu as tirei dali,
vendo eu isto”. Neste momento me toquei que estava lendo Ezequiel, o que me conduziu a compreender, desde a primeira leitura
da manhã, a passagem fruto da controvérsia gerada e tratada na revista. Fiquei
espantado com os pensamentos que me seguiram.
“Tu pois sofre a tua vergonha, tu que jugastes as tuas
irmãs, pelos seus pecados, que fizestes mais abomináveis do que elas”. (Ez
16,52)
Mas muito importante, o capitulo termina assim: “Para que
lembres, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca, por causa da tua
vergonha, quando me reconciliar contigo de tudo o que fizeste, diz o senhor
Jeová”. Deus queria, e perdoou, Jerusalém.
Qual o verdadeiro pecado, a raiz da reprovação aos
homossexuais na Biblia? Porque as abominações de Jerusalém foram ainda maiores
que os de Sodoma?.
Tudo tem um propósito. Analisamos o que está escrito, para a
realidade de uma época, mas a mensagem precisa se adaptar, sem perder o seu
propósito, a realidade de outra época. Há inúmeras orientações na Bíblia que se
levássemos ao pé da letra, sem esta adaptação diante de seu propósito,
viveríamos completamente diferente, na relação entre esposos, na participação
das mulheres na igreja e em muitos outros preceitos.
Assim entende alguns pastores, e padres, dentre eles um que
muito respeito e que diz, com a representatividade de ser também psicólogo,
algo como, “Se São Paulo tivesse noção do que sabemos hoje sobre o
homossexualismo, não falaria, hoje, algumas coisas que falou na época, para a
realidade da época”. “Pois sabemos hoje que a homossexualidade não é bem uma
opção, mas uma condição de ser”.
A Bíblia sagrada nos orienta um proceder, um jeito de viver,
com o objetivo de nos conduzir em comunidade, para a felicidade. E nos
repreende aquilo que não conduz ao bem do próximo, ao coletivo, e de nós
mesmos. O homossexualismo é visto então como um desvio daquilo que é natural,
motivado por um propósito que não vem de Deus, mas da decisão de seguir um
caminho próprio, movido pela busca do prazer, fruto da soberba de agir
independentemente das orientações de Deus, logo desligados dele. Este
certamente era o propósito de São Paulo em suas afirmações. Assim vivam de fato
alguns povos da antiguidade, entregues a esbórnia, sem limites, seja em relação
a sexualidade, seja no egoísmo, na busca do prazer próprio que cega o homem da
sua função de servir, do respeito ao próximo, e a misericórdia. Mas isso é
comum, não só ao homossexual entregue a devassidão e a luxuria, mas ao
heterossexual entregue a devassidão e a luxuria. A soberba está na raiz desta
decisão, e desta prática.
Mas voltando a reportagem, há um trecho que exprime uma
questão bem diferente, ao falar de Fátima Regina de Souza, arquiteta e
homossexual: “Ela tem a impressão de que as pessoas sempre pensam que o
homossexual cristão não fez tudo o que podia para mudar, não buscou a Deus o
suficiente.”. “É como se a gente estivesse sempre em falta”, diz ela.
O que ela quer dizer? É que a sua homossexualidade não está
na decisão de transgredir, não está na soberba de se achar acima da orientação
de Deus e desprezá-lo, mas está na sua condição de ser, a qual ela não pode
escapar, ou poderia, com muito sofrimento, contra a sua condição natural. Não
podemos cegar a esta perspectiva, correndo o risco de colocarmos a lei acima do
seu propósito, e da misericórdia, que é o fundamento perfeito. Isto é o que
faziam os Fariseus, na sua interpretação inflexível da lei, apesar de bem
intencionados muitas vezes, mas que foram chamados por Jesus de hipócritas. A
lei foi feita para o bem das pessoas, para conduzir a comunidade a felicidade,
e não a discriminação de quem é diferente, se esta diferença é sua condição de
ser.
A repreensão, compreendi, está no proceder, nos desprezos as
leis naturais, na infidelidade a Deus, que foi a abominação de Jerusalém, maior
que a de Sodoma, na soberba que nos leva a olharmos só para nós mesmos, “mas
nunca esforçando a mão do pobre e do necessitado” que é a essência cristã, mas
em busca dos prazeres inconsequentes, sejam sexuais ou não, como uma religião
que substitui a Deus.
Em toda opção há uma consequência, e sim, há insensatos que
são homossexuais, assim como heterossexuais, que vivem de maneira reprovável
aos olhos da comunidade cristã, sem preocupação alguma com o próximo, se vai escandaliza-lo
ou não, pois o outro não lhe interessa. Se optaram por este caminho não podem
se dizer cristãos. O mesmo para os avarentos, desonestos, ou quem vive na
soberba do egoísmo. Mas se a homossexualidade é sua condição de ser, e ele a
vive com dignidade, em uma vida normal, de relacionamentos verdadeiros,
contribuindo para a comunidade, e busca a Deus, acho muito difícil que Jesus
reprovasse esse cristão, pois como diz São Paulo, somos chamados pelo Espirito
Santo para seguir a Cristo.
O cristão verdadeiro não é aquele que conhece a palavra, ou
a lei, em suas virgulas, mas o que a vive em sua misericórdia, e gera frutos de
amor
Acolher o irmão, em suas diferenças, é uma grande tarefa, e
o nosso maior desafio.
domingo, 6 de outubro de 2013
ENSINAMENTOS DE SÃO TIAGO - PARTE 3
PARTE 3 -
Somos tentados a fazer distinção de pessoas, tratando de forma privilegiada o rico, o bem trajado, o que aparenta importante, e de maneira menor o pobre, mal trajado, e simples. (Isto é natural em nossa sociedade atual). Mas nós cristãos, devemos resistir a esta tentação, e saber que Deus ama os pobres, e os escolheu para que fossem ricos na fé, e herdeiros do Reino que foi prometido por Deus aos que o amam. Assim, com amor e misericórdia devemos valorizar cada um, independente de sua condição social, sem desprezar o mais humilde, que também é nosso irmão. (No sorriso do nosso irmão encontramos vitória diante do mal.)
Devemos cumprir a lei régia que diz: "Amarás o próximo como a tí mesmo" (Lv 19,18). Mas se nos deixamos levar pela distinção de pessoas, cometemos uma falta que nos iguala a transgressão de qualquer outra das leis, assim como o adultério, ou até matar. (Isso lhe causa espanto?!.)
A lei é uma. Ao transgredirmos um dos pontos da lei, transgredimos toda ela. De que adianta dizer, eu não cometo adultério, mas matar?. Essa palavra é dura, mas serve para direcionar o que falamos, e como procedemos, vivendo como se estivéssemos para ser julgados a qualquer momento. (Ninguém quer ser julgado, mas buscai a porta estreita, dizia Jesus, e com razão. Viver com esta noção de sermos avaliados nos impele a refletir nossa caminhada e corrigir em nossas atitudes, o rumo de nossas vidas)
No final, haverá misericórdia para quem usou de misericórdia, e haverá juízo sem misericórdia, para quem não usou de misericórdia. (A pobreza do meu irmão é uma oportunidade para nós de exercer a nossa misericórdia). Vivei com um olhar misericordioso e sem medo.
A MISERICÓRDIA TRIUNFA SOBRE O JULGAMENTO.
sábado, 31 de agosto de 2013
ENSINAMENTOS DE S. TIAGO - PARTE 2
Continuando a divulgar, no meu ponto de vista, os ensinamentos que São Tiago nos deixou em sua epistola, tão profunda e completa, os convido a questionarmos nossos caminhos...
PARTE 2
"Todo homem deve estar sempre pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para se irar"
A nossa capacidade de ouvir, de evitar pré julgamentos, nos manifestando sempre com sobriedade e misericórdia, nos faz diferentes, e ao mesmo tempo semelhantes ao Mestre. Deus não quer que nos entreguemos a ira, mas que sejamos mansos. E a palavra de Deus, que nos é semeada, nos apoia neste sentido, nos fortalece, nos corrige. Este caminho é que salva nossas almas. Devemos evitar os sentimentos ruins, cheios de malicia, que nos impede de compreendermos o irmão, e buscarmos sempre a serenidade em nossas atitudes, e em nosso falar. O cristão deve ser um filtro, que avalia com piedade o que se aproveita e constroi, daquilo que destroi. Nosso papel é construir o reino de Deus na terra.
Só tem sentido ouvir as palavras de Deus, se colocarmos em prática. Devemos praticar o que Deus espera de nós, especialmente a misericórdia. Quem não compreende isto, se engana achando que segue a Deus. Nossa prática gera frutos nas vidas das outras pessoas. MAS É NECESSÁRIO PERSEVERANÇA, (pois somos sempre impelidos a pensar em nós mesmos, em nossas reponsabilidades ou necessidades, e deixamos de lado, ou adiamos, o nosso papel de vir ao encontro da necessidade do próximo), PARA FAZER A VONTADE DE DEUS, que é um mundo mais fraterno, onde cuidamos uns dos outros. Sem perseverança, com a real intenção de atingir este objetivo, é muito dificil.
Este é religado, tem religião, está no caminho certo, e deve evitar as corrupções deste mundo, ou seja, aquilo que nos faz desviar deste caminho. É o que nos conduz a ira, ao egoísmo, a vaidade excessiva, ao pré conceito, que nos faz cegar as carëncias e ao ponto de vista dos outros. Porque a religião de Deus está na capacidade de cada um enxergar a necessidade do outro, atender aos orfãos e as viuvas deste mundo, ou seja, a quem não tem quem os sustente e os escutem, aqueles que são marginalizados, aos quais não lhe foi dado amor, aos mais frágeis e indefesos e que precisam de nossa misericordia. AGINDO EM NOME DE DEUS, SOMOS RELIGADOS A DEUS.
domingo, 25 de agosto de 2013
ENSINAMENTOS DE S. TIAGO
Amigos, para mim a epistola de São Tiago exprime o resumo da fé cristâ. Apesar de ser um texto pequeno, para os padrões da biblia, nos ensina muito, mas muito mesmo. Reproduzo abaixo então, o que São Tiago diz para mim naquelas palavras e os convido a refletirem seus ensinamentos. Farei isto em partes. Vem comigo...
PARTE 1
Na vida temos provações. Não devemos, no entanto, temer as provações, mas diante delas mantermos a fé, que nos fortalece por meio da paciëncia, e contribui para a nossa perfeição.
A sabedoria para enfrentar as provações vem de Deus, ou seja, Ele nos auxilia a lidar com as provações, não necessariamente as elimina. E se precisamos desta força de resistëncia, pois as nossas forças se acabam, se necessário for, devemos pedi-la a Deus. E este pedido deve manifestar a convicção de sermos atendidos, com fé verdadeira em Deus que tudo pode, pois de outra forma dificilmente a receberemos. Entregue-se ao Senhor, e Ele o ajudará a lidar com os desafios que o provam nos momentos de dificuldade.
Os humildes se fortalecem com sua humildade, e os ricos em sua humilhação, pois as riquezas são armadilhas, que nos afastam de nossa humildade. Mas as riquezas deste mundo passarão, ficarão para trás, e a humildade será elevada. O rico, então precisa aprender a se humilhar, diante da glória que o mundo lhe oferece e o acaba seduzindo, mas que o afasta de sua humanidade, fraternidade e misericórdia com o sofrimento do outro. Pois o Reino de Deus, é dos humildes.
Assim, diante das tentações, feliz é aquele que mantém a fé, escolhe o caminho correto, enfrenta a provação, se purifica, e tem como recompensa a coroa da vida.
E aqui, atenção para um ensinamento muito importante:
Devemos saber que não é Deus que tenta o homem, pois Deus é inacessível ao mal e não tenta ninguém. Somos tentados pelas nossas fragilidades diante do mal batendo a nossa porta, que não vem de Deus.
A nossa fragilidade nos faz cair na sedução do mal, em prol de nossos próprios interesses. Isso é a tentação. E conscientes de nossas escolhas, optamos por acolhermos a tentação, dando a luz ao pecado, que é algo material, palpável, que gera desamor. Ao tomarmos esta decisão estamos contribuindo com o mal, que nos tenta, produzindo desamor. E isso nos conduz a morte.
O caminho da fé nos faz resistir diante das provações, para que não caiamos em tentação. O fim deste caminho é a vida. O caminho da fraqueza nos leva ao pecado. Como Deus é inacessível ao mal, este caminho nunca nos levará a Deus, que dá a vida. O fim deste caminho é a morte.
Não nos iludamos, buscando julgar a Deus, (ou sua misericórdia), pois no fim, quem decide o caminho de vida ou morte somos nós mesmos. Reflita então, o caminho que você está seguindo com suas escolhas. Onde ele vai dar?
Deus nos oferece dons e dádivas perfeitas e seu parecer não muda. Ele não nos tenta jamais.
Até a próxima!!
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